
"- Decidi, quero assumir as responsabilidades de ser docente em uma turma de bebês!"
Quando
essa afirmativa começou a fazer parte do meu cotidiano encontrei alguns
preconceitos e vi o quanto essa faixa etária carrega forte o prisma do cuidado.
Alguém me
diz:
"-
Olha bem, fazendo pós- graduação para trocar fraldas!"
Outra
observação:
"-Que
pena colocá-la no berçário, és uma professora tão qualificada."
Fica
evidente que para os profissionais da educação, e concebido socialmente, só são
valorizados situações de possível ensino-aprendizagem, caso haja produção de
materiais concretos. As mediações, as trocas e a relação de afeto entre
educadores e educadoras com os educandos do Berçário, por tanto, nesta
concepção, não seriam tomadas como aprendizagens, mas apenas como situações de
zelo, que poderiam ser desempenhadas por qualquer adulto cuidador.
As
instituições de Educação Infantil costumam organizar seu quadro de professores
estabelecendo alguns critérios na escolha dos docentes responsáveis pelo
Berçário, levando em consideração traços de personalidade e experiência
familiar, ou seja, de preferência que sejam professoras, calmas, pacientes, com
filhos, mais velhas e com menos formação. Afinal, os professores e professoras
mais qualificados necessitam, conforme esse juízo, receber encargos mais
importantes, como ministrar aprendizagens e saberes nas turmas de crianças mais
velhas e “capazes” de produzirem atividades palpáveis.
“Se pensarmos nesse
papel da professora como mentora de um espaço agradável, aconchegante, seguro,
mas também estimulante e desafiador para cada uma das crianças. Se pensarmos
que essa mesma professora respeita os tempos e ritmos dos pequenos, se
pensarmos que a base do planejamento dela não são atividades, mas
relacionamentos intensos entre todos aqueles que compõem determinada comunidade
de educação, podemos afirmar que o papel dessa professora é permitir que as
crianças experimentem no contexto da creche”. (TRISTÃO, 2004)
A
sutileza marca o papel dessa educadora, que deve levar seu ofício com seriedade
e qualificação, sim!!! Observando e sendo atenta a particularidade de cada
bebê, sem abrir mão da práxis em seu fazer pedagógico e cuidador, pois quanto
mais (in) certezas moverem sua capacidade de ver os educandos, mais apta estará
para desenvolver seu olhar em relação a eles e as necessidades de
flexibilização no ambiente educador.
REFERÊNCIAS:
TRISTÃO,
Fernanda Carolina Dias <http://ced.ufsc.br/~zeroseis/9artigo2.doc.>
Fonte da imagem: http://www.google.com.br/imgres
**** Fragmentos desse texto foi publicado em 2008 em outro BLOG sobre Berçários, pois nesse ano eu lecionava na Rede Municipal de Esteio e era contribuinte nas reflexões do BLOG