"A
avaliação deve ser entendida como uma prática investigativa e não sentenciva,
mediadora e não constatativa. Não são os julgamentos que justificam a
avaliação, as afirmações inquestionáveis sobre o que a criança é ou não é capaz
de fazer". (HOFFMANN, 2000, p.15).Sendo assim, é incompatível com os
objetivos da Educação Infantil uma avaliação excludente, classificatória e
emancipadora, que subjuguem os alunos como fracassados ou competentes, trazendo
a eles rótulos que poderão perdurar por toda sua vida, e não apenas no
cotidiano escolar. “Mediante acompanhamento e registro do seu
desenvolvimento...” (LDB, 1996), que são feitos de modo continuo em toda
prática do educador, que, aliás, pode vir a ser permeada por julgamentos,
crendices e modos de valorar e selecionar, o certo ou o errado, o acerto e o
fracasso, de acordo com a história de vida e profissional do educador, assim
como o modo como ele vê o ensino e a aprendizagem. Por isso, é sempre
imprescindível, além da atenção constante e os registros, que o Educador tenha
claro as finalidades de estar avaliando seus educandos, sabendo qual a intenção
da escola, e sua valia na vida da criança. Torna-se assim de grande valia, além
dos registros e observações, uma prática participativa pouco versada na Escola
da Infância: o Conselho de Classe.
"Conselho de Classe é uma reunião onde supervisores, orientadores,
professores e alunos discutem acerca da aprendizagem, seus desempenhos e
avaliações. No Conselho de Classe, mais do que saber se o aluno será aprovado
ou não, objetiva-se encontrar os pontos de dificuldade tanto do aluno quanto da
própria instituição de ensino na figura de seus professores e organização
escolar. Desta forma, busca-se a reformulação nas práticas escolares a partir
das reflexões realizadas na discussão em conselho de classe". (WIKIPEDIA,
2007)
Esse conceito trazido por um dicionário virtual, não está em todo incompleto,
pois realmente o processo avaliativo se objetiva em grande parte por constatar
os déficits das aprendizagens e ensino para que se reformule a prática docente,
no entanto, é preciso completar a essa conceitualização a necessidade de não apontar
os fracassos dos alunos e sim seus êxitos e progressos, assim como as
intervenções do professor perante as dificuldades que possam ter surgindo
durante o decorrer de processo ensino- aprendizagem.
Outro
aspecto relevante ao conselho de classe é o seu caráter coletivo e
participativo. “O conselho de classe ajudaria a resgatar a dimensão coletiva
do trabalho docente” (FERNANDES apud. HOFFMANN, 2003). Seria esse, todavia,
um espaço rico de trocas entre os professores que atuam com os mesmos alunos,
que juntos buscariam estratégias para qualificar as aprendizagens dos alunos
afim de atingirem objetivos comuns, auxiliando para o melhor desenvolvimento
tanto dos discentes como de seu próprio oficio docente. No conselho de classe
são ouvidas as vozes de: professores, supervisores, orientadores e alunos, como
perceber o que querem do processo avaliativo crianças tão pequenas, como os
bebês? Logo que nasce, o recém-nascido, tendo sua experiência de vida recente,
tem seu suporte básico biológico e restrito em significações. No entanto, essas
significações irão se ampliando com o contato e as ações que farão com os
adultos e seus pares. E as pessoas que interagem com mais constância e vinculo
afetivo com os bebês, estão auxiliando a escrever e construir atribuições que
vão delimitar quem é esse bebê e que sentidos tem validade em sua vida.
"Nascer
significa ver-se submetido à obrigação de aprender. Aprender para construir-se,
em triplo processo de “hominização” (tornar-se homem), de singularização
(tornar-se um exemplo único de homem), de socialização (torna-se membro de uma
comunidade, partilhando seus valores e ocupando um lugar nela). Aprender para
viver com os outros homens com quem o mundo é partilhado. Aprender para
apropriar-se do mundo, de uma parte desse mundo, e para participar da
construção de um mundo preexistente.(...) Nascer, aprender, é entrar em um
conjunto de relações e processos que constituem, um sistema de sentido, onde se
diz quem eu sou, quem é mundo, quem são os outros". (CHARLOT apud. TRISTÃO,
2006, p.48)
Tristão
no livro Infância Plural: crianças do nosso tempo (2006, p:48), em um artigo
onde fala sobre o trabalho pedagógico com bebês, cita Bernard Charlot que faz
alusão da prática educativa do como tornar-se homem, fazendo-se
sujeito. Para essa transformação as mediações e interações são essenciais.
Sendo assim, de quem seria esse olhar sensível a auxiliar (como portadores da
vontade dos bebês) os educadores a complementar o processo avaliativo? A
resposta a essa questão é bastante simples, mas nem por isso tem menos
importância no contexto da Escola de Educação Infantil, em especial no ensino
dos Berçários. Afinal, quem deve ser a parceira nessa aprendizagem e avaliação
formativa deve ser a família. Lugar onde a criança estabelece as principais
relações de vinculo e apegos, e que com certeza tem a maior responsabilidade na
(de) formação da personalidade desses sujeitos, que acaba influenciando
diretamente no modo como interagem, se relacionam e apreendem o mundo e seus
saberes.
Diante disso,
para saber o que pensam os pais sobre a aprendizagem de seus filhos e seus
progressos, tanto na escola, como em outros ambientes em que interatuam, é necessário
que os educadores responsáveis pelos Berçários e a supervisão educacional
estejam dispostos a escutar o que as famílias tem a dizer sobre a aprendizagem
de seus filhos, conduzindo diálogos de modo bastante informal, afim de que os
progenitores se sentissem impelidos a darem sua opinião e a dizerem o que
pensam sobre seus bebês, avaliando assim também, de seu modo, a prática pedagógica.
"As
equipes das creches e pré-escolas, apesar de reconhecem a importância do
trabalho com a família, costumam considerá-la despreparada e menos competente
que o professor, particularmente em se tratando de famílias de baixa renda ou
famílias formadas por pais adolescentes. E se aborrecem quando os pais
contestam o trabalho da instituição e buscam controlar o que é proposto a seus
filhos". (OLIVEIRA, 2007, p.177)
Ao
contrário disso, é preciso que a escola reconheça o modo com os pais pensam e
que proponha às famílias a participação na discussão da proposta e de seus
objetivos, corroborando para que as metas de aprendizagem seja atingidas e (re)
avaliadas.
Referências Bibliográficas:
HOFFMAN, Jussara. Avaliação na Pré-Escola: um olhar sensível e reflexivo
sobre a criança. Porto Alegre: Mediação, 2006
Wikipédia, a enciclopédia livre. Acesso em out.de 2007.
OLIVEIRA, Zilma Ramos de. Educação Infantil: Fundamentos e Métodos. São
Paulo: Cortez. 2007
FILHO, Altino José Martins; TRISTÃO, Fernanda Caroline Dias; RACH Olpna
Patricia Freire; SCHNEIDER, Maria Luisa. Infância Plural: crianças do nosso
tempo. Porto Alegre: Mediação, 2006.
BRASIL. Lei de Diretrizes e fases – Lei nº 9394/96, Brasília, 1996.
**** Esse texto foi publicado em
2008 em outro BLOG sobre Berçários, pois nesse eu lecionava na Rede Municipal
de Esteio e era contribuinte nas reflexões do BLOG.